Eduardo Carmello
É de concordância comum, nesta era do conhecimento que cada vez mais as empresas precisam de trabalhadores e gerentes que possam responder de forma rápida e imaginativa às mudanças a serem enfrentadas. Além das competências individuais e técnicas, esses profissionais também necessitam de habilidades relacionais, pois há uma grande expectativa de melhorias econômicas, de satisfação e bem-estar, para quem souber trabalhar em conjunto.
O objetivo deste artigo é levar o leitor a refletir sobre a importância de se atuar coletivamente e oferecer subsídios para sensibilizar e educar pessoas dedicadas à busca e à implementação de soluções, construindo um caminho coletivo que possa ser percorrido por qualquer equipe ou organização.
Todos sabemos que desafios fazem parte dos fundamentos ou essências do processo de mudança. Principalmente nesta fase de globalização e velocidade de informações, é necessário estar com uma equipe muito bem integrada, com liberdade para tomar decisões e preocupadas em manter, aprimorar e adicionar competências.
Marilin Ferguson (1980), em seu livro conspiração aquariana, nos brindou com uma frase muito utilizada nesta última década, afirmando que “Nenhum de nós é tão inteligente quanto todos nós”.
Grandes exemplos na área organizacional demonstraram a eficácia do trabalho em equipe e das competências coletivas, conquistando resultados que consolidaram a crença de Ferguson.
O foco em RH hoje é a valorização e educação de pessoas que consigam desenvolver uma atividade relacionada ao negócio, com a competência de gerar uma idéia ou ação que tenha a propriedade de diretamente transformar uma realidade, podendo esta ser objetivamente medida.
Dentro desta perspectiva, a comunicação e troca de informação aliada à uma ação conjunta afinada e criativa é um dos fatores primordiais para gerar e dar sustentação a um modelo de gestão que esteja comprometida com os negócios e resultados da empresa.
Cria-se a necessidade de estimular a visão sistêmica e a competência coletiva para que as pessoas realmente sintam-se homens da sociedade do conhecimento, chegando a um nível onde o conhecimento estratégico assume maior relevância do que o conhecimento operacional. Ao mesmo tempo, este “conhecimento” que consideramos precisa se provar na ação. Citando Drucker, “o que chamamos de conhecimento, atualmente, é informação em ação, informação concentrada em resultados.”
Os colaboradores necessitam também estarem orientados à otimização e coordenação de atividades ou projetos, objetivando sempre um processo completo, eficiente e unificado.
A essência da competência coletiva está na consciência e capacidade das pessoas de refletir, pensar e agir conjuntamente.
No desenvolvimento de um certo grau de maturidade e num tipo especial de clima e ambiente em que as pessoas podem encontrar um bom campo de troca de idéias, competências e experiências.
Constantemente utilizamos a palavra “time” para definir uma unidade de desempenho estritamente focalizada que utiliza da cooperação, comunicação e apoio mútuo para alcançar um resultado adequado em relação ao seu objetivo.
As habilidades de um profissional que joga em um time consiste de bom desempenho e domínio técnico de sua função, talento para resolver problemas, capacidade de tomar decisões claras e sensatas.
Um colaborador cooperativo teria também, além dessas habilidades, uma aptidão para o trabalho em grupo e habilidade em relações interpessoais.
São características primordiais de um time que trabalha com competências coletivas:
• Têm um sonho comum ou propósito motivador
• Trabalham juntos na obtenção de resultados
• Dão apoio psicológico e companheirismo
• Ajudam a criar coragem
Pode-se criar, desta forma, um grande “DIFERENCIAL DE COOPERATIVIDADE” onde há aproximação das pessoas de toda a organização, com o intuito de se formar uma compreensão de que os resultados poderão ser maiores se houver uma integração nas ações, bom relacionamento entre as áreas e sincronia entre as atividades.
2 – COMPETÊNCIA TEM UM SIGNIFICADO COLETIVO
Robert Kelley (1999), em seu livro sobre competências intitulado “como brilhar no trabalho” afirma que “na nova economia do conhecimento, é o domínio das estratégias de comportamento no trabalho que determina seu valor para a empresa, mais do que o domínio da mais recente e complexa tecnologia”.
O objetivo de aprendizagem de competências coletivas para a área organizacional é apresentar um desempenho de chamar a atenção em sua atividade específica, tornando-se mais produtivo, saudável e competente, de modo a administrar melhor sua vida profissional e pessoal, obtendo crescimento, satisfação e prestígio.
Paul Green (1999), consultor americano diz que um aprendizado baseado em objetivos combina um projeto instrucional estruturado com um foco na identificação e nas ações específicas que necessitam ou interessam ser aprendidas para se fazer um bom trabalho, gerando então o termo competência, que para o ele “é uma descrição de hábitos de trabalhos mensuráveis e habilidades pessoais utilizados para alcançar um objetivo de trabalho”.
Para George O. Klemp Jr., competência é uma “Combinação de atributos e/ou práticas para incluir a posição da organização ou indivíduo no mercado, tornando-os competitivos”.
Podemos fazer certa estruturação a partir da observação e análise das competências, criando assim simulações que podem gerar e descrever ações que foram feitas. Podemos criar registros a partir de nossas observações, desenvolvendo melhor compreensão e refletindo e projetando as ações necessárias para encontrar novas soluções e aumentar o desempenho.
Esse processo reflete a natureza contínua da melhoria de desempenho, reconhecendo a importância da observação sistemática, focalizando sempre a contribuição, a cooperação e a relação interpessoal da equipe.
Com isso, podemos nos preparar para responder prontamente a todos os estímulos e mudanças, tornando-se não só mais flexível e multiplamente competente, mas também com disposição para aprender.
Podemos observar nos autores citados que o mais importante é o desenvolvimento e enobrecimento de um tipo de atitude especial, refletindo uma consciência sobre a importância de aprender e ensinar com as pessoas que estão próximas a ele.
Mario Sergio Cortella define esta atitude de aprendizado e ensinagem com outras pessoas de permeabilidade intereducativa, onde sugere que competência deixa de ser um conceito individual e passa a ser coletivo, pois trabalhamos de forma interdependente e integrada.
Uma diferença importante entre a competência individual e coletiva é que na primeira eu gero e defendo uma idéia para o grupo, agindo a partir de minha percepção e crenças. A pessoa se preocupa em vender e imprimir sua idéia, sem se preocupar realmente se há outras iguais ou melhores para serem analisadas ou combinadas, e que resultarão numa melhor solução para o negócio. Passa ser mais importante para a pessoa, que está com outras num grupo, que a sua idéia vença.
No processo que envolve competências coletivas, as pessoas se preocupam preferencialmente em buscar uma verdade conjunta para o alcance de um objetivo comum, que se fomenta a partir da aceitação e aglutinação das diversas opiniões, podendo desenvolver inteligência e capacidade maiores do que a soma de talentos individuais.
Há muito tempo estamos desenvolvendo esse espírito de competência coletiva. Napoleon Hill considerava esta competência coletiva como “Um espírito que se desenvolve por meio da cooperação harmoniosa entre duas ou mais pessoas, que se aliam com o objetivo de realizar uma determinada missão”.
Todos os esforços para se trabalhar em time e gerar as competências coletivas combinam mudanças de comportamento e técnicas, onde, simultaneamente, os atores organizacionais refletem sobre suas estratégias e procedimentos com o intento de conquistar os resultados desejados, clareando propósitos, construindo objetivos comuns e sustentando uma comunicação aberta.
Uma equipe, por exemplo, poderia estar estudando como aprimorar tecnicamente seus processos de vendas por internet, refletindo profundamente sobre suas percepções e crenças, assim como sua forma de se comportar e operar neste sistema. Desta forma podemos ter consciência de nossas estratégias de atuação e observar o quanto a mudança de valores, atitude e ações podem melhorar nosso desempenho e nossas relações interpessoais.
A metáfora é válida para uma mundo sistêmico e complexo: somos todos anjos de uma asa só, por isso só podemos voar abraçados uns aos outros.
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